sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

catchupa ma plom


plom, pau e bandeja
Catchupa, plom, bandeja, riqueza de noss terra, fortuna nos pov.
A catchupa é a capacidade de juntar sabores a uma bela nutrição. Como diz Dudu Araujo numa das suas músicas, midje ta junta pov tud ses diferença. Não há cabo-verdiano que não prefere um bom prato de catchupa em vez de um prato de bacalhau com natas ou massa.

A cachupa é baseada no milho e no feijão. Quando estiver meio cosida é acrescentado couve, mandioca, batata, etc. Depois, conforme a capacidade financeira da família pode ser acrescentado ainda carne ou toucinho e peixe. O resto dos ingredientes fica a mercê do gosto de quem a faz.

Muitas vezes a forma de fazer a catchupa varia de ilha para ilha, de zona para zona, de familias para familias, mas é nesta variadade que está a riqueza, que está a união – midje e pa tud gent e catchupa é que diferent.

catchupa fresca
Catchupa é apreciada tanto na versão de cold - catchupa fresca – servida ao almoço e nas zonas tradicionais de Cabo Verde é sempre o prato servido no jantar. Ou de manha na versão catxupa guizod - aquecida e refogada numa frigideira- depois servida como pequeno-almoço e pode ser acompanhada com peixe frito, carne, ovos ou chouriço e um caneca café.

A grande maioria de estrangeiros/turistas que visitam Cabo Verde procuram-na sempre nos restaurantes. Catchupa é a imagem da gastronomia cabo-verdiana.
A união está também na plom (pilão), no bater do pau para tirar o farel de midje - kutchi.
Plom é um motivo de desafio para muitos, um motivo de sobrivência para outros.
Plom fonte da rica cachupa e de onde sai os grão de “ouro”.

PILÃO
“É o pilão é um dos ecos mais profundos da sociedade caboverdiana de sempre. Terá surgido com o cultivo do milho nos recuados tempos do povoamento, da reminiscência de experiências anteriores, ou já transportados nos barcos dos mercadores da Costa da África e do Brasil.

O pilão é toda uma cultura. Na casa do pobre, na do remediado, na do rico. De tronco da figueira-brava, em princípio, e mais tarde da mangueira, quando a figueira já morria, é instrumento que não requer tratos de arte não obstante um ou outro mais apurado pelas mãos de artistas de gosto.

Com uma abertura em funil num dos extremos do tronco, aí de metro e pouco, uma espécie de colar recortada a vinte centímetros da base, mais dois paus de laranjeira (os martelos) temos o conjunto dessa máquina primitiva ainda presente nas nossas ilhas.

O pilão assim visto não sugere muita coisa. Mas quem de manhãzinha o ouvisse em actividades, dar-se-ia conta de um engenho com coração, alma e cor. Aqui há tudo: flores, madrigais, contraditas, desafios, amores, cuscus, xerém, cachupa, fongos, papas, brinholas num quadro crioulo que nenhuma outra criação pode dar.

Há pilões de todas as dimensões: o pilãozinho de pilar café, o de moer sal, outro mais de esmagar a malagueta, o alho, o cravo e ainda outro mais acabado da facturação do cncan, tratado do pó do tabaco com o cheirinho de várias essências.

Mas pilão, o pilãozinho, é rei da festa. Aquele que mais chora quando a nuvem enxuga os olhos. Tinha que ser assim. Um povo de vida centrada na cintura desse velho-pau-amigo como lhe daria vida sem milho, sem a monção das águas de encharcar potes, meladores, canaviais, ladeiras da flor do minhi?

Pilão da melhor cachupa que comemos na infância feita pelos presos do tempo de Nhô Antoninho Leite, carceiro, na Ponta do Sol. Aqui eram quatro a seis homens a pilar o milho. Qualquer coisa como o ritmo do batuque ou tambores de S. João…
Pilão, velho amigo da terra sem chuva” in Cabo Verde paragragos do meu afecto, Teobaldo Virgínio.

catchupa guizod
E assim sobrevive a maioria das famílias em Cabo Verde com um simples prato de catchupa tirado de plom ma bandeja.





1 comentário:

  1. El ca e simples não Bro!!!El e bastante complexo na preparação e el e nha prot preferid!!!

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